quarta-feira, 23 de maio de 2007

Proezas e Façanhas

GRÊMIO 2 X 0 SÃO PAULO - 09 de maio de 2007


Esta é mais uma epopéia incrível desse time que cada vez mais aprimora o termo ‘superação’. Desta vez a vítima foram os temidos tidos bambis do São Paulo. A jornada foi vitoriosa a tal ponto que merece ser contada em 3 atos.

ATO 1 – A garantia da presença

Desde o início daquela semana a busca por ingressos foi intensa a tal ponto de a cota de ingressos para estudantes ter esgotado logo. Fui incumbido de buscar os ingressos para mim e um amigo. Também para meu irmão se ele não tivesse esquecido de deixar comigo sua carteira de sócio. Enfim, depois do ônibus ter chegado ao estádio rápido (pra minha surpresa), fui tentar conseguir o ingresso dele com apenas um carnê, mas sem sucesso. Fica claro que com o Grêmio não há como aplicar, literalmente.
Após isso já preparando o psicológico, dei a volta na quadra e fui para a tal bilheteria na Avenida Carlos Barbosa. A fila não foi a maior com a qual já me deparara, mas já chamava muita atenção tendo em vista que ela já fora enorme no dia anterior. Era em torno de 10 da manhã e lá estava eu com um livro de companhia e a medida que o comboio andava a expectativa aumentava. Logo começavam os zum-zum-zuns de “ah....tal setor já acabou” ou senão “bahhh.....eles vão parar de vender ligeirinho porque ta quase tudo vendido”. Enquanto isso ia aumentando também o contingente de urubus cambistas na calçada, numa caradurice de dar inveja. Então após algumas desistências de pessoas que estavam à frente, enfim eu estava perto de chegar às bilheterias quando passa um senhor contando e perguntando que setor cada um iria comprar. A grande maioria tascou “Arquibancada!”. Então percebi que passando de mim mais umas 10 pessoas garantiram os ingressos. Dali pra trás, só cadeiras. Foi a primeira vitória no embate. Comprei os dois ingressos. Mas ela só foi consumada mesmo quando a tarde retornei ao Olímpico, dessa vez de carro e com meu irmão. Ele enfim levou sua carteira e garantiu também o seu bilhete. Agora sim, tudo tranqüilo e a terça se foi com a missão cumprida.

ATO 2 – Rumo ao estádio!

A noite vinha trazendo consigo um clima ermo com um céu povoado de nuvens. Parece poético-piegas demais, mas foi bem por aí. Então quando chegamos na casa do outro amigo nosso que foi(esse por intermédio de outro sócio) já havia um clima de “aquecimento” no lugar, quando ele ofereceu-nos o primeiro gole do tal trago, no caso Dreher. Após irmos tomando e a dose chegava no fim, ele então trouxe a garrafa e a primeira surpresa vinha junto. Meia garrafa já tinha ido. Ele sozinho acabou tomando praticamente metade da poção. Tudo bem, né, fazer o quê? Colocamos gelo no copão acabamos enchendo-o com a bebida e colocamos o resto numa garrafinha de água mineral (legal, né?!). Então nos reunimos todos e fomos de carro bebendo conhaque e cantando as canções clássicas da Geral junto com o Cd personalizado que fizemos.
Chegamos em Porto Alegre e estacionamos num lugar seguro, já conhecido de nosso amigo. Então tivemos de pegar o ônibus. Aí veio a ansiedade. Creio que levou mais de 20 minutos para passar ali, onde só havia nós na parada. Era na Avenida Protásio Alves pelo que lembro. Bem, fato era que já passava das 20 horas e nós ainda aguardando a tal da condução. Quando enfim chegou, nos dando alívio geral. Ah sim, o Dreher. Sim, ele foi consumido meio às pressas durante o trajeto todo, sendo eu o último a beber os últimos goles ardentes e jogando fora a garrafinha já quase chegando às roletas do estádio. E o nosso amigo, dono da bebida já estava um tanto fora do perfeito juízo tendo de ser ajudado por nós para entrar e arranjar um lugar. Então conseguimos nos posicionar rente à linha de fundo um tanto perto da Geral. E o nosso amigo ficou logo abaixo de nós sentado, tentando se recuperar. E eu também já estava vendo tudo numa rotação um pouco mais rápida do que o normal. Mas conseguimos entrar com o estádio já razoavelmente cheio. Na realidade, quase lotado.

ATO 3 – O Jogo

Esse é a parte que mais interessa de fato. A torcida insandecida saudou a entrada do time em campo e isso já me chamou a atenção talvez pelo que fora ingerido antes no lado de fora. Mas foi um êxtase. Quando o jogo começa é que se percebe o real efeito da coisa. Comparado com a televisão, o jogo visto do estádio já transcorre numa velocidade superior. Somado a isso o fato de se estar “alegreto”, a partida fica bem mais rápida. Novo êxtase tomou conta de mim nessa hora. Tal a pegada foi e o dinamismo também que a tensão atingiu o limite quase que extremo, mas isso no bom sentido. No caso deixa a pessoa ligada ao extremo, atenta, por vezes ostensiva, como pra evitar eventuais empurrões de quem queria ir ao banheiro.
Quando então se observa cobrança de falta láááá no outro gol quando a bola sobra pra Tcheco e Wwwooofff!! Pronto. Nesse momento foi o frenesi que tomou conta de todo o lugar. A confiança já era perfeitamente palpável a todos. Nesse momento nosso amigo que estava em dificuldades já veio em recuperação, tanto que vibrou junto e a partir daí então passou a ver o jogo de fato. E aquilo que já estava rápido, teve a velocidade multiplicada graças ao gol. Era como se fosse um vídeo-tape e fosse acionado o comando Fast –Foward 4x. Tu curte tudo numa boa, mas a partir de certo momento começa a cansar e desativa o botão. Só que isso não foi preciso porque o primeiro tempo acabava e aquele fervor interno ia aos poucos cessando, fazendo com que eu voltasse ao meu total e íntegro estado.
Veio o segundo tempo e com ele toda aquela ansiedade que se sente em grandes decisões. E um aperto incômodo porque “eles” vieram pra cima com uma formação mais ofensiva. A torcida cumpriu seu papel incentivando com os cantos e gritos de guerra na hora mais difícil. Só aquele calafrio no momento do escanteio cobrado direto no travessão. Mas foi tão rápido que nem surtiu efeito. Tinha-se a confiança de que algo melhor estava por vir. Isso é o que realmente só se pode sentir no estádio, testemunhando o acontecimento, participando indiretamente dele. Essa coisa que emana e toma forma de diversas maneiras, algo como premonição, mas não exatamente por este sentido literal da palavra. É um dos fatores que levam as pessoas aos estádios, mesmo sabendo que aquele jogo vai passar na TV e que se poderia ficar em casa aturando a narração daquele mala que tu sabe que vai sempre torcer pro outro time.
A tal peleja estava tomando rumo incerto quando um ataque aparentemente despretensioso do Tricolor Imortal. Olhares atentos, atônitos, alertas. Nesse instante, não sei se por distração ou leve seqüela das doses de conhaque, lembro-me somente de ver a bola caindo na entrada da área após uma “disputa” e Diego Souza chega com tudo e emenda o chute fatal e se vê a bola rente aos olhos passando em quiques e o imóvel Rogério Ceni. Pronto!! De novo!! A festa agora era consumada com o placar sendo alcançado de uma forma tão heróica quanto bela. Inquestionável. A tensão nessa hora chega enfim ao limite extremo, sobre-humano quase. Algumas bolas alçadas e uma rélis tentativa de chute logo no finalzinho e só. Nenhum grave perigo ao gol de Saja desde então.
Fim de jogo. Enfim tudo acaba bem. A multidão fica no estádio comemorando o feito e a imortalidade intacta. Ela continua sendo posta à prova. Realmente demorei pra postar esse texto, mas ainda a tempo de ficarmos espertos contra o Defensor do Uruguai e torcer muito para que continuemos na competição rumo ao sonho maior até agora.

Trilha do post –> Anarquia – Ronnie Von

Um comentário:

... disse...

Êxtase total, hein?
Hehehe!
Há horas não lia nada por aqui, mas...mais uma vez...belíssimo relato.
Legal mesmo!!!
E “continuamos” aí, né? Que sofrimento ontem...aiai!

Beijo!

Ah...boa a trilha aí!!!
:)
Com um tempinho, confiro os outros textos!
Até . . .