
Daí é a hora em que grande parte do pessoal enfim, senta na arquibancada. O caminho até a copa (que já era difícil) fica ainda mais complicado. Mas até ir e voltar os times já estavam voltando a campo e a tensão é renovada. O Grêmio atacou no golo de onde estávamos mais próximos. Tem vezes em que quando se pega o carro no tranco depois de muita força ele anda que é uma beleza. O mesmo vale para outros tipos de aparelho também. O mesmo serviu para o time que veio de modo avassalador pra cima do Tolima. Los Pijaos (que é como são conhecidos em seu país) ficaram literalmente acoados. Nessa blitzkrieg gremista incluem-se um chute forte e bem colocado de Ramon obrigando o goleiro a fazer difícil defesa. Em seguida no escanteio, o próprio cabeceia pertinho do travessão. Logo em seguida uma roubada de bola de Tcheco no ataque e uma troca de passe resultando num chute de Ramon(ou de Tuta?) que bate no goleiro já caído e a bola sobra pra Lucas que cabeceia com o gol aberto.........pra fora. Menos de cinco minutos depois, novo cruzamento e então Tuta faz a bola lamber a trave direita tal qual o sorvete de chocolate do Jóia. Nesse momento todo mundo deu aquele pulo tal qual uma suposta comemoração de gol.
Em meio a isso tudo, o Drogba versão tamarindo foi aos poucos se ofuscando do jogo. O time da saudosa cidade de Ibagué foi se limitando a tocar a bola tentando algo. Conseguia umas escapadas esporádicas e algumas faltas próximas da área. E também uma pitada de malandragem inútil quando Carlos Eduardo estava caído e eles, com posse da bola, seguiram o jogo até um chute de longe pra fora, o que obrigou o arqueiro Saja e outros jogadores gremistas a cobrarem uma atitude do juiz além de dar o velho pára-ti-quieto nos caras. Daí o jogo tomou contornos de uma legítima partida de Libertadores da América com chegadas fortes, catimba e muita entrega. O que o Grêmio tentou fazer e não conseguia, logo com a entrada de Douglas, era reter a bola na frente. Como isso não ocorria os colombianos começaram a então se assanhar mais tentando algo. Disse ten-tan-do. Nessa noite a defesa estava inspirada, mas sabe como é, né? O pavor já estava chegando aos gargumilhos literalmente. Nessa hora ninguém mais quis saber de cerveja.
Depois de alguns chutinhos de longe, enfim uma atitude mais eficaz, digamos. Diego Souza, que havia sobrado na escalação pra titular, entrou no lugar de Ramon, o sempre crucificado da torcida. Mais vaias (minha inclusive) do que aplausos. Mesmo sendo ele o autor do passe pro gol redentor. E então o rapaz que entrou fez o que era pro Douglas já estar fazendo fazia tempo: segurar a bola no ataque. Com isso ele conseguiu alguns escanteios e laterais suficientes pra matar o tempo. E ao tão esperado apito final em meio à vibração, o próprio chuta a bola pra arquibancada caindo a poucos corpos de distância de mim. Seria um portentoso prêmio levar uma bola de Libertadores, colorida e tudo mais, pra casa após um embate no qual reinaram soberanas a garra e a disposição de tirar as caras com esse tal Tolima que tanto nos atormentara há duas semanas atrás.
Na saída, a certeza de um ânimo renovado e de uma volta mais tranqüila ainda. Mesmo ela sendo a pé do estádio até o viaduto onde pegamos o ônibus pra volta, lotado como não via há tempos. Após um jogo desses, descrever tudo, tudo, tudo, fica complicado, pois têm coisas que se vê sempre, mas procura-se destacar aquilo que é (um pouco) peculiar. E também a confiança na memória é algo nada fácil a essa altura do campeonato. Mesmo que ele esteja ainda na primeira fase. Ta bom, parei!!
TchecoO camisa 10 tricolor esteve em uma noite daquelas pra se dizer “É, pelo menos corri mais, passei um pouco melhor e chutei de vez em quando. Não queimei meu filme hoje”. Sim, o nosso capitão não comprometeu dentro do jogo desta vez. Esteve longe de seus melhores dias, mas conseguiu manchar aquela imagem derrotada deixada no jogo contra o Cucuta, na qual só não pediu pra sair ou simulou contusão pra não dar na vista e a imprensa não cair de boca. Tomara que esse jogo seja o começo de um retorno aos melhores dias de forma gradual. Afinal o futebol (também) é continuação, conforme o Mano.
Desportes TolimaDiferentemente dos jogadores e comissão técnica do Cucuta, eles não vieram pra dar uma de turistas tirando fotos da torcida até quando o jogo recém havia terminado. O que eles não têm de bobos, tem de chatos. Eta time com toque de bola enjoado. Mas o que mais se sobressai nos Pijaos (não sei a tradução disso!) não é seu futebol, mas sim seu uniforme. Um dos mais horríveis que já vi. A camisa é listrada nas cores vinho-tinto e amarelo com reforço da primeira cor nos ombros, calções vinho também e meias amarelas. Mais parece alegoria de carnaval da Vila Mequetrefe. Credo!! E quanto ao torcedor símbolo, não há mais o que falar, até porque é bom deixar cada tribo com seu ritual. Afinal antes de tudo, o futebol também é uma chance de trocar conhecimentos com os adversários estrangeiros.
Geral do GrêmioNão a destaquei no texto pois ela (quase) sempre merece um capítulo à parte. Nem que seja um adendozinho. Mas é preciso reconhecer que esta torcida é foda pra caramba. Sem uniforme oficial nem nada puxa todo um estádio com seus cantos cada vez mais cativantes. Não de graça chama atenção de outras torcidas brasileiras e crônica em geral. Mas isso não significa que excessos sejam tolerados. Considerando também um certo preciosismo do juiz para com o “espetáculo”, simplesmente parou o jogo por 2 minutos e 20 segundos devido a uma nuvem de fumaça que pairou sobre o campo. É importante lembrar que isso sempre foi tolerado em jogos de Libertadores mas em nome de uma hipócrita modernidade, ou nova moral, enfim seja lá o que for, qualquer coisa extra-campo que ocorra pode ser motivo para provocar um prejuízo no jogo e(ou) dependendo da situação, em penalização ao clube responsável. Parece que é isso o que vai acontecer ao Grêmio depois das dezenas de sinalizadores e afins estourados, sendo que vários deles caíram próximos ao gramado. E assim aquele insuportável debate sobre torcidas organizadas retorna aos programas esportivos. Esperamos que este tal prejuízo, se houver, seja o mínimo possível.
Tuta
Quando o cara tem o dom, não adianta. Mas não basta somente tê-lo. Há de se fazer bom uso dele quando é preciso. Este foi o caso do nosso Moacir Bastos, o Tuta, no último jogo. Na primeira bola recebida dentro do seu rincão, ou grande área quem preferir, ele tratou de limar o intruso zagueiro e desferiu um golpe letal com a canhota tendo no goleiro tolimense sua principal vítima. Sempre que recebeu a bola seja dentro ou fora da área representou real perigo para o adversário. Como dizia tio Nelsinho, do seu lábio pendia a baba elástica e bovina do matador. Só saiu devido ao cansaço já passados 30 minutos do segundo tempo. Enfim, ele provou que um cara lá na área com presença faz sim a diferença!!